O cenário de inflação impacta diversas áreas da economia. Entretanto, o setor financeiro costuma encontrar formas de ajustar seus produtos e serviços para se beneficiar dessas variações. Afinal, as instituições financeiras podem identificar oportunidades em um cenário de inflação, aproveitando movimentos de juros e ajustes econômicos.

Bancos tradicionais, como o Itaú (ITSA4), normalmente enxergam um cenário de inflação alta como uma oportunidade, assim, conseguem manter seus lucros. Da mesma forma, investidores ligados ao setor financeiro também podem aproveitar para lucrar mais nesse contexto. 

Neste artigo, vamos explicar como o setor financeiro consegue lucrar mesmo em um contexto de inflação, ajustando seus produtos para manter seus ganhos e aproveitando as oportunidades em um cenário de adversidade. 

Este conteúdo não é uma recomendação de investimento. 

Qual a relação entre inflação, juros e rentabilidade no setor financeiro?

A inflação, os juros e a rentabilidade afetam diretamente a precificação de ativos, a rentabilidade real dos investimentos e as estratégias de captação e crédito do setor bancário, segurador e de fundos.

Em geral, quando a inflação está alta, a taxa de juros sobe e a renda fixa passa a ser mais atrativa, enquanto a rentabilidade dos fundos de tijolo e das ações tende a diminuir. 

Já quando a inflação cai, ocorre o movimento contrário: os juros diminuem e os ativos de risco tendem a se valorizar, enquanto ativos de renda fixa passam a render menos. 

Como bancos e seguradoras ajustam produtos para manter ganhos?

Em um cenário de inflação alta, bancos e seguradoras precisam ajustar seus produtos financeiros e estratégias operacionais para proteger ou até ampliar sua rentabilidade. Isso porque a inflação corrói o valor do dinheiro no tempo, pressiona custos e pode afetar o comportamento dos consumidores e a capacidade de pagamento dos clientes.

Para minimizar esses efeitos, as instituições podem reprecificar seus produtos de crédito, aumentando as taxas de juros cobradas em empréstimos e financiamentos, para compensar a perda do poder de compra e os maiores custos de captação.

Além disso, passam a focar na oferta de financiamentos ou títulos indexados ao IPCA ou IGP-M, que repassam a inflação ao cliente, e expandem seu portfólio de ativos de renda fixa, promovendo CDBs, LCIs e fundos atrelados ao CDI ou ao IPCA. 

As instituições também costumam aumentar o rigor no score de crédito para prevenir inadimplência e ajustar taxas de administração, serviços e pacotes para repassar parte da pressão inflacionária.

Impacto dos títulos atrelados à inflação no portfólio

Títulos atrelados à inflação, como o Tesouro IPCA+, CRIs indexados ao IPCA ou debêntures incentivadas corrigidas por IPCA, têm papel estratégico em carteiras de investimento, especialmente em cenários de inflação alta.

Eles protegem o patrimônio contra a inflação, preservando o poder de compra, uma vez que pagam uma taxa fixa + variação da inflação, de modo que o retorno cresça na mesma proporção da inflação. Além disso, esses títulos tendem a se valorizar no curto prazo. 

Estratégias que empresas utilizam para tirar proveito do cenário

Em um cenário de inflação alta, as empresas do setor financeiro (como bancos, seguradoras, gestoras de ativos e corretoras) adotam diversas estratégias para não só se protegerem, mas também para explorar oportunidades de rentabilidade.

Uma dessas estratégias é o ajuste nas taxas de crédito, visando a manter ou aumentar o spread bancário e a compensar o risco maior de inadimplência. Outra é expandir o portfólio dos produtos indexados à inflação e aumentar a oferta desses produtos aos clientes. 

Nas seguradoras, é comum haver o reajuste de prêmios e franquias e, nos bancos, atualizar as tarifas bancárias e os pacotes de serviços. 

Importância de entender esses mecanismos para investidores

Ao entender esses mecanismos, os investidores podem ajustar suas carteiras para obter o máximo proveito de um cenário de inflação. Por exemplo, podem aumentar a exposição do capital a ativos indexados à inflação (Tesouro IPCA+, CRIs, fundos de inflação) e aproveitar a volatilidade para ganhos de curto prazo com marcação a mercado.

Saber como a inflação afeta a rentabilidade dos investimentos permite alocar melhor os ativos, de modo a preservar o poder de compra, evitando a desvalorização do dinheiro ao longo do tempo.